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"Sair à francesa", nova crônica do jornalista Léo Borba


Uma expressão que, segundo Antenor Nascentes, autor do “Tesouro da fraseologia brasileira”, é uma locução que significa “ir embora de algum evento social, sem se despedir de ninguém e com a maior discrição possível, tentando não se fazer notar”.

No mesmo livro, o importante estudioso da língua portuguesa no Brasil, registra que os franceses, diante dos modos não muito elegantes dos súditos da realeza britânica, cunharam expressão na versão filler à l’anglaise, ou seja, sair à inglesa.

Tenho a impressão que esta forma de saída chegou ao Brasil já com a deselegância atribuída aos franceses.

Pois, ao contrário da festiva e esperada chegada, foi assim que ele foi embora. Sem se fazer notar e nem mesmo se despedir.

E nem levou bagagem.

Deixou as festas de dezembro, as férias, o frescor das águas e das sombras das árvores. Os primeiros vôos dos pássaros da primavera.

Ficaram as lembranças de viagens, alegrias de reencontros e a descoberta de primeiros amores. O correr dos rios no alto da serra e o vai e vem das ondas do mar. Ficaram as chuvas, os arco-íris e o calor de um sol pra cada um.

Saiu, assim, sem dizer nada. De fininho; como quem foi logo ali, sem muita pressa.

Uma visita ao Hemisfério Norte e, assim como aqui, outra saída, à francesa, ou à inglesa, dependendo do lado do Canal da Mancha.

Lá por dezembro, o Verão bate por aqui.

Então, guardemos as lembranças nos armários da memória.

Afinal, agora é outono!!!

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