Por Léo Borba
Com a câmera na mão, olha por sobre os telhados.
As ruas estão ocultas por entre as silhuetas das casas. Um olhar de lembranças tingidas pelo ocaso de outono.
Dos dias de ir à escola, das conversas no pátio; das risadas no ônibus, dos planos para os finais de semana.
Quando o bairro se aquieta a espera da noite, levanta a câmera. Escolhe o ângulo e guarda pra si as cores do entardecer. Entra em casa e vai para o quarto. Ao lado da cama, a mochila aguarda o fim do isolamento. Daqui a pouco irá dormir. Sonhar os sonhos da adolescência até que o dia amanheça.
Então, abrirá novamente a câmera e a colocará diante de si, para começar mais um dia de aulas. Daqui a alguns anos, irá dizer aos mais novos que fez parte da geração que viveu, sobreviveu a pandemia. Na memória, e na câmera, restarão os ocasos de outono.
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